terça-feira, 22 de maio de 2007

Coldplay no Brasil - Bastidores

por Vanessa Ribeiro


Coldplay, em sua vinda ao Brasil, "causou" mais do que qualquer outra banda que apareceu no País, nos últimos meses. O motivo? Os preços exorbitantes e a falta dos ingressos para a maioria dos fãs que, literalmente, perderam o sono com o fato, pois para um seguidor que não conseguiu seu tão sonhado ticket, isso se tornou mais do que uma chateação.


Mas isso ainda não é motivo para os britânicos se preocuparem, muito pelo contrário. O grupo não perdeu nem 10% de seus adoradores que, por mais ortodoxo que o termo seja, esse é o significado que o Coldplay tem hoje, como sinônimo, sendo equiparado ao Radiohead e U2.

Após diversas especulações em torno dos problemáticos ingressos para as apresentações do Coldplay no Brasil, os assessores da banda organizaram uma coletiva de imprensa, no Hotel Unique, em São Paulo, que fez com que os fantasmas sobre o assunto fossem exorcizados de uma vez.

Chris Martin disse um 'How are you?' com um ar simpático e apressado. Os rapazes expressavam um certo cansaço, mas, mesmo assim, não deixaram o carisma de lado.

Com apenas 20 minutos de conversação, a banda começou a entrevista explicando o por quê insistem em tocar hits como Yellow e Clocks. Por conta de poucas pessoas terem assistido seu primeiro show no Brasil - que só houve uma apresentação em São Paulo - eles repassam alguns sucessos que já estão consagrados entre o público.

"As musicas novas são diferentes. É uma material mais colorido", afirma Chris Martin. O vocalista completa que “mesmo possuindo três álbuns de sucesso, podemos arriscar mais e que, com certeza, o novo trabalho irá causar uma grande surpresa aos fãs".

Com o rock passando por várias fases, o Coldplay acredita não ter perdido a qualidade após os dois álbuns anteriores, considerando que é bem difícil para uma banda manter o estilo musical sem perder o sucesso e o reconhecimento. Para eles, as músicas que duram são aquelas que possuem melodia, observou o líder da banda durante a coletiva. "Isso é uma coisa que vamos continuar seguindo, pois isso sim é duradouro e é o que as pessoas gostam realmente", ressaltou. Chris Martin ainda brincou ao dizer que ”as músicas tem que ter melodia para render um bom ringtone”.

Ao serem questionados sobre o que achavam a respeito do problema dos ingressos, que se esgotaram em menos de 48h e causaram várias críticas negativas à banda, eles demonstraram surpresa e dúvida. "A falta de ingressos foi algo inesperado e não imaginávamos que esse seria um problema. Não queremos causar insatisfação em nossos fãs. Foi algo, realmente, inesperado", diz Berryman, baixista. "Mas pedimos a calma e paciência a todos, pois iremos voltar em breve para um show maior e com o novo trabalho pronto", finaliza.

Mesmo que o fato tenha sido lamentado e causado muita indignação, o Coldplay não irá desistir de se apresentar no país e provar aos fãs que seu rock não é um "som de elite", como vem sendo caracterizado por conta do fatídico episódio.


A banda

Tudo começou como um sonho de (mais) uma banda que acreditou poder um dia estar no topo das paradas, mas, ao contrário das outras, colocou isso como uma meta: ”Não poderemos parar, enquanto não fizermos sucesso!”, disse Chris Martin, em entrevista à Rolling Stone norte-americana publicada neste mês na edição brasileira.


Seus primeiros shows não foram
dedicados à busca de uma grande vendagem de ingressos, ou de enriquecer uma gravadora. Will Champion, baterista, contou à Rolling Stone que sua primeira apresentação com a banda em uma escola custou três libras (cerca de R$ 15,00) com flyer, e cinco libras (R$ 25,00) sem, com grande público.

Antes de se tornar Coldplay, os meninos batizaram o grupo como Starfish. As "Estrelas-do-Mar" só tinham seis músicas no repertório, mas conseguiam que os expectadores do clube inglês Laurel Tree pedissem bis, mesmo com um pequeno set list. Resultado: saíram com 80 libras no bolso (cerca de R$ 400,00).

A paixão e as metas do vocalista e dos demais componentes do atual Coldplay fizeram com que a revolução musical viesse a suas mãos, como reflexo do CD OK Computer, do Radiohead, que há dez anos era aclamado pelos críticos.

Parachutes nomeou o álbum de estréia que os levou a abrirem um show do Foo Fighters. Ironicamente, o grupo é quem abre atualmente os shows do Coldplay. Mas sem rixas!

Após vários festivais, divulgações e a maturidade que impulsionaram o reconhecimento musical que tanto almejavam, hoje suas realizações não passam de conseqüência.

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